Uma boa fonte, parte 2: Uma boa fonte tem voz.

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Se as fontes pudessem falar, o que diriam? É uma pergunta estranha, mas essencial de se considerar quando confrontado com milhares de designs possíveis e a necessidade de encontrar uma fonte que transmita sua mensagem com clareza.

Antes mesmo de chegar tão longe, é fundamental entender que as fontes têm um efeito visual poderoso e instantâneo nas pessoas. Elas podem ser usadas para falar alto, mas também de forma suave, brincalhona, séria ou com qualquer outro tom de voz que você possa imaginar. Existe uma razão para Jim Williams referir-se a as fontes como as “roupas das palavras” e por essa ideia ser repetida com tanta frequência: a escolha da fonte pode manipular o significado de forma drástica.

“É quase como se fosse necessário trocar de fonte para cada ocasião”, diz Jamie Neely, diretor de design de produto da Monotype. “Isso afeta as marcas e os movimentos visuais.”

As fontes têm um efeito visual poderoso e instantâneo nas pessoas. Elas podem ser usadas para falar alto, mas também de forma suave, brincalhona, séria ou com qualquer outro tom de voz que você possa imaginar.

Quando as fontes são usadas de forma inteligente, a linguagem escrita pode enganar. Por exemplo, imagine a palavra “ódio” escrita em um idioma que você não entende, mas em uma fonte calorosa e amigável. Sem entender o que essa palavra significa, sua interpretação é instantaneamente influenciada pela forma das letras. As fontes podem penetrar profundamente em nossa amídala, onde as emoções humanas são geradas, e nos fazer sentir coisas sem a necessidade da linguagem.

Para muitas pessoas, as fontes falam com elas de uma forma intensamente pessoal. As fontes estão entrelaçadas em nossas vidas, desempenhando um papel integral em como interagimos com nossos telefones, usamos nossas estradas, encontramos nosso caminho em aeroportos, e assim por diante. Mesmo sem um entendimento profundo de como a fonte funciona, as pessoas estão cientes de como ela as afeta – por exemplo, se a fonte em seu telefone muda, ou se a sinalização do hospital parece pouco acolhedora.

As fontes também estão sujeitas ao contexto. Em 1937, Gerry Powell projetou a Onyx, uma fonte no estilo Bodoni que se tornou muito famosa na publicidade da década de 1940. Saltando para a Seattle do final dos anos 1980, essa refinada peça tipográfica assumiu uma voz completamente diferente quando o Nirvana a usou na capa de seu álbum ‘Bleach‘. A Onyx, sem dúvida, falava de maneira muito diferente para as pessoas dos anos 1940 do que para os amantes da música de hoje.

A ITC Benguiat é outro exemplo do poder do tom de voz tipográfico, popularizada pela Netflix como a fonte do título da série Stranger Things e tornou-se tão famosa como um membro do elenco. O designer da Imaginary Forces, que criou a sequência de abertura, escolheu a fonte para falar com uma voz do passado – uma que instantaneamente lembrasse os livros de aventura e romances de Stephen King dos anos 1980. A fonte agora está inextricavelmente ligada à série, modificando sua voz para uma geração de entusiastas da cultura pop.

Para muitas pessoas, as fontes falam com elas de uma forma intensamente pessoal.

“É interessante pensar sobre o tempo e o contexto, e seu efeito na voz”, diz Neely. “Tenho certeza de que os monges do século XIV na Europa não tinham ideia de que sua amada e meticulosamente treinada letra gótica seria um dia usada na propaganda nazista, em subgêneros de tatuagens e nos discos do Snoop Dogg.”

Escolher fontes é um processo sutil, e que precisa considerar a forma como uma fonte comunica, bem como o contexto do passado e presente influencia a perspectiva do leitor. Lembre-se, o design que você escolhe é a voz com que sua marca fala.

Fique ligado para mais conteúdo da série Uma boa fonte. Vídeo gravado ao vivo no Adobe Max 2017.

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Uma boa fonte tem voz.
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